Morre, aos 92 anos, a arqueóloga Niède Guidon, referência mundial na arqueologia
Pesquisadora foi responsável pela criação do Museu do Homem Americano e pelas descobertas que revolucionaram o estudo da pré-história nas Américas.
A renomada arqueóloga brasileira Niède Guidon morreu aos 92 anos, na madrugada desta quarta-feira (4), em São Raimundo Nonato, no Piauí. Reconhecida internacionalmente, ela transformou a arqueologia das Américas com as descobertas realizadas no Parque Nacional da Serra da Capivara, considerado um dos mais importantes sítios pré-históricos do mundo.
Morte tranquila e despedida

A morte foi confirmada por Marian Rodrigues, diretora do Parque Nacional da Serra da Capivara e amiga próxima de Niède. “Partiu como um passarinho, tranquila”, declarou. A causa do falecimento não foi divulgada.
O velório deve acontecer no Museu do Homem Americano ou no Centro Cultural de São Raimundo Nonato. O sepultamento será realizado no jardim da residência da arqueóloga, na mesma cidade onde dedicou boa parte de sua vida à pesquisa e preservação do patrimônio arqueológico.
Legado científico
Niède Guidon foi responsável por liderar, durante décadas, as escavações que mudaram o entendimento sobre a presença humana nas Américas. Suas pesquisas indicaram que o homem chegou ao continente há mais de 50 mil anos, contrariando teorias tradicionais que defendem uma ocupação muito mais recente.
Além disso, foi a idealizadora da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e peça fundamental na criação e estruturação do Parque Nacional da Serra da Capivara, atraindo investimentos, promovendo o turismo científico e garantindo a preservação das pinturas rupestres e do patrimônio natural da região.
Reconhecimento internacional
Ao longo de sua trajetória, Niède Guidon recebeu diversas homenagens e prêmios. Era membro da Academia Brasileira de Ciências, grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico e uma referência para pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Também atuou como professora universitária, contribuindo para a formação de novas gerações de arqueólogos.
Marca na história
A morte da arqueóloga ocorre às vésperas do aniversário de 46 anos do Parque Nacional da Serra da Capivara, cuja criação e preservação estão diretamente ligadas ao seu trabalho incansável. Sua trajetória deixa um legado inestimável para a ciência, a cultura e a história do Brasil e do mundo.