Clarão no céu de Brasília é causado por possível reentrada de lixo espacial, dizem especialistas
Um forte clarão no céu chamou a atenção de moradores de Brasília na noite da última quarta-feira (14). Vídeos publicados nas redes sociais mostram o momento em que um objeto luminoso cruza o céu da capital federal, em alta velocidade, gerando especulações sobre sua origem.
Segundo o astrônomo Ricardo Ogando, do Observatório Nacional, o fenômeno foi provavelmente causado pela reentrada de lixo espacial na atmosfera terrestre, como partes de foguetes ou estágios de satélites desativados. Ele afirma que esse tipo de ocorrência é relativamente comum e, em geral, não representa riscos à população.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), lixo espacial é o termo utilizado para designar objetos artificiais criados pelo ser humano que permanecem em órbita ao redor da Terra, mas que não têm mais utilidade. Isso inclui fragmentos de foguetes, satélites desativados e outros detritos.
Durante a reentrada desses objetos na atmosfera, o atrito com o ar provoca o aquecimento e a queima dos materiais, o que gera o clarão visível do solo — muitas vezes confundido com meteoros.
Impactos ambientais do lixo espacial
Embora a maioria desses detritos se desintegre antes de atingir o solo, estudos recentes apontam que o acúmulo de lixo espacial pode ter impactos ambientais relevantes. Pesquisas indicam que a queima desses materiais libera substâncias como óxidos de alumínio, que contribuem para a alteração das temperaturas na Terra e podem afetar a camada de ozônio.
Com o aumento do número de lançamentos espaciais — impulsionado por missões comerciais e o envio de satélites —, cresce também a quantidade de lixo espacial. Estima-se que até o final da década, cerca de 100 mil satélites estejam em órbita, e que mais de 3.300 toneladas de detritos espaciais possam ser queimadas na atmosfera anualmente.
Especialistas alertam para a necessidade de regulação e desenvolvimento de tecnologias voltadas à redução e ao gerenciamento desse tipo de poluição, que já é considerada um desafio ambiental global.