Zelensky vê chance de fim rápido da guerra, mas teme sabotagem de Putin
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta sexta-feira (14) que existe uma “boa chance” de que a guerra contra a Rússia termine rapidamente. No entanto, ele alertou para o risco de sabotagem por parte do presidente russo, Vladimir Putin, nas negociações para um cessar-fogo.
“Temos agora uma grande oportunidade para encerrar esta guerra e garantir a paz. Contamos com um forte apoio dos nossos aliados europeus. (…) Estamos perto do primeiro passo para acabar com qualquer guerra: o silêncio”, afirmou Zelensky, referindo-se ao cessar-fogo temporário de 30 dias proposto pelos Estados Unidos.
O líder ucraniano disse ter aceitado “imediatamente” a proposta dos EUA durante as negociações na Arábia Saudita com o Secretário de Estado americano, Marco Rubio, e o Conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz. Segundo Zelensky, a proposta superou as expectativas ucranianas, incluindo a suspensão dos combates por terra, mar e ar.
Situação militar e declaração de Trump
Apesar das esperanças de um cessar-fogo, Zelensky admitiu que a situação do Exército ucraniano é “muito difícil” na região de Kursk, ocupada em uma contraofensiva lançada em agosto de 2024. Mapas analisados pela Reuters indicam que as tropas da Ucrânia estão quase cercadas por forças russas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou que os militares ucranianos estão em uma “posição muito ruim” e pediu a Putin que evite mais perdas de vidas. “Milhares de tropas ucranianas estão completamente cercadas pelos militares russos. Pedi ao presidente Putin que suas vidas sejam poupadas. Um massacre como esse não é visto desde a Segunda Guerra Mundial”, escreveu Trump.
Trump também destacou que seu enviado especial, Steve Witkoff, teve reuniões produtivas com Putin na quinta-feira (13), alimentando esperanças de que a guerra está chegando ao fim.
Pouco depois das declarações de Trump, o Exército ucraniano negou estar cercado e afirmou ter reposicionado suas tropas em uma “posição mais favorável”.
Putin aceita cessar-fogo, mas questiona condições
O presidente russo Vladimir Putin declarou estar disposto a aceitar um cessar-fogo de 30 dias, mas ressaltou que os detalhes ainda precisam ser discutidos com os EUA. “A ideia do cessar-fogo é correta e apoiamos, mas há questões a esclarecer. Por que 30 dias? Para permitir a mobilização e o envio de mais armas à Ucrânia? Quem irá controlar o cessar-fogo?”, questionou Putin.
Trump respondeu que a declaração de Putin foi “promissora, mas incompleta” e confirmou que a Ucrânia está negociando a concessão de territórios para Moscou como parte do acordo. “Estamos discutindo quais territórios serão mantidos e quais serão perdidos. Tem uma usina de energia envolvida, e quem ficará com ela? Isso tudo está sobre a mesa”, disse Trump.
Zelensky, por outro lado, criticou as exigências russas, afirmando que “a Rússia é a única parte interessada em prolongar a guerra e fazer com que a diplomacia falhe”.
Sanções contra a Rússia
Diante das incertezas, Trump ameaçou impor sanções “devastadoras” à Rússia caso Putin não aceite o cessar-fogo. “Posso tomar medidas financeiras que seriam muito ruins para a Rússia. Mas não quero fazer isso porque desejo a paz”, afirmou o presidente americano.
Os países do G7 também advertiram Moscou sobre novas sanções se as negociações não avançarem. A União Europeia aprovou a renovação das sanções contra 2.400 indivíduos e entidades russas por mais seis meses.
A guerra entre Rússia e Ucrânia completou três anos em fevereiro e, apesar dos avanços diplomáticos, ainda não há garantia de um desfecho definitivo para o conflito.