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Ucrânia aceita cessar-fogo proposto pelos EUA, mas Rússia impõe condições

Uma proposta de cessar-fogo pode resultar na primeira pausa na guerra entre Ucrânia e Rússia, mais de três anos após o início dos combates. O plano, elaborado pelos Estados Unidos, prevê uma trégua de 30 dias e foi aceito por Kiev após uma reunião entre representantes ucranianos e americanos na Arábia Saudita.

No entanto, o Kremlin ainda não deu seu aval à proposta. Um assessor do presidente dos EUA, Donald Trump, Steve Witkoff, viajou a Moscou na quarta-feira (12) para tentar obter a aprovação russa. Em resposta, o presidente Vladimir Putin impôs uma série de condições para aceitar a interrupção dos conflitos.

Na quinta-feira (13), Putin questionou se a Ucrânia continuaria recebendo armas durante a trégua, se utilizaria o período para treinar suas tropas e como seria monitorado o cessar-fogo ao longo dos 2 mil quilômetros de fronteira. Além disso, o líder russo levantou dúvidas sobre a situação da província russa de Kursk, onde suas forças cercam soldados ucranianos.

Condições russas para o cessar-fogo

Putin apresentou exigências que tocam em questões sensíveis para a Ucrânia e a comunidade internacional:

  • Reconhecimento dos territórios ocupados como parte da Rússia
  • Proibição da entrada da Ucrânia na Otan
  • Proibição do envio de tropas de paz estrangeiras ao território ucraniano

A Rússia atualmente controla cerca de um quinto do território ucraniano, incluindo regiões do leste do país. Em 2014, Moscou anexou a Crimeia e apoiou separatistas nas províncias de Donetsk e Luhansk. Embora exerça domínio sobre essas áreas, a comunidade internacional não reconhece sua soberania sobre elas.

Desde o início da guerra em 2022, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem reiterado que não aceitará qualquer acordo de paz que envolva a perda de territórios. No entanto, nesta semana, Trump sugeriu que a cessão de algumas regiões para a Rússia pode ser um tema das negociações. Entre as áreas em questão, estaria a usina nuclear de Zhaporizhzhia, a maior da Europa.

Ucrânia e Otan: um ponto de tensão

A entrada da Ucrânia na Otan é um tema sensível para Moscou. Criada durante a Guerra Fria, a aliança militar ocidental expandiu-se para países do antigo bloco socialista, aumentando a desconfiança da Rússia. Kiev vê a adesão ao bloco como um objetivo estratégico, o que foi formalizado na Constituição ucraniana em 2018.

A Rússia, por sua vez, considera essa possibilidade como uma ameaça direta. Durante a reunificação da Alemanha, em 1990, autoridades americanas teriam prometido verbalmente que a Otan não avançaria em direção às fronteiras russas. No entanto, desde então, vários países do leste europeu aderiram à aliança.

Tropas de paz estrangeiras e a resistência russa

A ideia de enviar tropas estrangeiras para garantir o respeito ao cessar-fogo tem ganhado força entre países europeus. Preocupados com o retorno de Trump à Casa Branca e suas declarações polêmicas sobre alianças estratégicas, governos europeus debatem medidas para reforçar sua segurança.

Recentemente, líderes europeus se reuniram em Paris para discutir um plano de rearmamento e apoio militar contínuo à Ucrânia. O Reino Unido, por exemplo, manifestou disposição para enviar tropas em caso de um cessar-fogo, visando garantir sua manutenção por meio de um posicionamento militar dissuasório.

Moscou, no entanto, enxerga com ceticismo qualquer presença de forças estrangeiras próximas a suas fronteiras e vê essa medida como uma possível escalada no conflito.

O futuro do cessar-fogo depende agora da resposta do Kremlin e das negociações em andamento. Enquanto isso, a guerra segue sem uma resolução definitiva à vista.

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