Trump impõe tarifa de 50% sobre o Brasil e cita ameaças à segurança dos EUA; aeronaves e suco de laranja ficam de fora
Medida inclui sanções contra ministros do STF e visa, segundo a Casa Branca, proteger liberdade de expressão e empresas americanas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. A medida, que entra em vigor no dia 6 de agosto, é justificada por Washington como resposta a ações do governo brasileiro que, segundo a Casa Branca, representam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
Apesar do impacto da decisão, o decreto traz uma extensa lista de exceções, incluindo aeronaves civis, suco de laranja, petróleo, veículos e peças automotivas, fertilizantes e produtos energéticos.
Censura e perseguição política no centro da justificativa
O documento da Casa Branca aponta que a medida foi motivada por políticas brasileiras que, na visão do governo americano, ferem direitos fundamentais. Entre os principais alvos das críticas está o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de “ameaçar, perseguir e intimidar opositores políticos”, além de impor sanções a empresas americanas que se recusaram a cumprir ordens judiciais no Brasil.
“Ao impor essas tarifas, o presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, e salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura”, afirma o comunicado oficial.
A Casa Branca também menciona o caso do blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA e investigado no Brasil por declarações feitas em território americano, como exemplo de violação da liberdade de expressão.
Sanções contra ministros do STF
Além das tarifas, os Estados Unidos revogaram os vistos de oito ministros do STF: Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi incluído nas sanções. Estão fora da lista os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux.
A política de restrição de vistos foi anunciada no dia 18 de julho e, segundo o governo americano, continuará sendo uma prioridade “na defesa da liberdade de expressão e dos direitos dos cidadãos americanos no exterior”.
Reações e tentativas de diálogo
O governo brasileiro vem tentando evitar a imposição da tarifa desde o anúncio preliminar da medida. O vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegaram a reforçar a disposição do Brasil para o diálogo. Segundo fontes do governo, o presidente Lula estaria disposto a telefonar diretamente para Trump, caso haja sinal de abertura para negociações.
Em declarações recentes, Lula criticou a postura do republicano e disse que Trump “não quer conversar”. Especialistas ouvidos pela imprensa apontam falhas na comunicação diplomática entre os dois países, o que pode ter agravado o impasse.