Teresina Boa Praça: histórias e memórias dos espaços que marcam o Centro da capital
No coração de Teresina, cada praça guarda fragmentos da história e das memórias da cidade. No Centro, duas delas se destacam: a Praça Marechal Deodoro da Fonseca, a mais antiga da capital, e a Praça Da Costa e Silva, concebida como um espaço sensorial e de convivência. Ambas revelam como o tempo e a presença das pessoas moldam os espaços urbanos.
Praça Da Costa e Silva
Localizada na Rua João Cabral, a Praça Da Costa e Silva foi inaugurada em 5 de setembro de 1977, em homenagem ao poeta piauiense que transformava o rio Parnaíba em personagem de suas obras. Antes de sua criação, o local era palco de conflitos, como lembra Maria da Natividade, moradora mais antiga da rua.
“Durante o dia, eram muitas brigas; à noite, casas queimando. Depois, a prefeitura indenizou os moradores ou os transferiu para outro bairro e construiu a praça. Era um lugar lindo, cheio de plantas e flores”, recorda.
O professor de Arquitetura Carlos Kaiser destaca que o espaço foi projetado por Gil Paul e Böhler Marx, unindo paisagismo e arquitetura moderna. Na época, a área ainda era considerada periférica, habitada por pessoas marginalizadas. Após a remoção dos antigos moradores, a obra foi entregue durante a Semana da Independência, tornando-se ponto importante de sociabilidade.
Praça Marechal Deodoro da Fonseca
A seis quarteirões dali, a Praça Marechal Deodoro da Fonseca — também conhecida como Praça da Bandeira — é considerada o marco inicial de Teresina. Fundada em 1852, integra o cotidiano de quem vive e circula pelo Centro.
Segundo o professor de História Fonseca Neto, foi a partir dessa praça que se desenvolveu o plano urbano da cidade, ainda no século XIX.
“É o ponto de origem da cidade. Aqui se ergueu a igreja central, símbolo da autoridade, e o obelisco em homenagem ao presidente da província, José Antônio Saraiva, responsável pela transferência da capital”, explica.
Com o passar dos anos, o espaço perdeu parte de seu papel como ponto de encontro e tornou-se local de passagem, acompanhando as mudanças no ritmo da cidade.
Memória e pertencimento
Para Maria da Natividade, a Praça Da Costa e Silva mantém seu valor afetivo.
“Eu amo Teresina. Às vezes penso: se tivesse 50 anos, adotaria essa praça. Ia cuidar dela, plantar… ela fica linda”, diz.
O professor Kaiser acredita que o piauiense mantém a receptividade e que a cidade vive um momento de transformação. Já Fonseca Neto lembra que, mesmo após 170 anos, o desafio é preservar o sentido humano e o pertencimento desses espaços.
Com mais de 270 praças espalhadas pela capital, Teresina segue carregando histórias e memórias, reafirmando-se como uma cidade onde, apesar da pressa, ainda há quem pare para viver o espaço público.