Putin anuncia cessar-fogo de 30 horas, mas ataques continuam, dizem autoridades ucranianas
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou neste sábado (19) um cessar-fogo de 30 horas na guerra contra a Ucrânia, mas, segundo autoridades ucranianas, os ataques não cessaram. A pausa nos combates, anunciada como um gesto humanitário em razão da Páscoa ortodoxa, começou às 18h (horário local) — 12h no horário de Brasília — e deve durar até a meia-noite de domingo (21), ou 18h de domingo no Brasil.
Logo após o anúncio, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que pretende acompanhar de perto as ações russas durante a trégua, mas propôs uma ampliação significativa do cessar-fogo: em vez de 30 horas, 30 dias.
“Se a Rússia estiver subitamente pronta para realmente se engajar em um formato de silêncio total e incondicional, a Ucrânia agirá de acordo — espelhando as ações da Rússia. Silêncio em resposta ao silêncio, ataques defensivos em resposta aos ataques”, declarou Zelensky na rede social X.
O líder ucraniano afirmou ainda que a proposta de estender a trégua visa testar a disposição real do Kremlin para negociar a paz. “Trinta horas são suficientes para virar manchete, mas não para medidas genuínas de construção de confiança. Trinta dias podem dar uma chance à paz”, completou.
Apesar da pausa anunciada, Zelensky relatou que ataques russos foram registrados em várias áreas da linha de frente já após o início oficial do cessar-fogo. Segundo ele, drones russos foram detectados sobre território ucraniano às 17h15 — 45 minutos antes da trégua entrar em vigor.
“Drones em nossos céus revelam a verdadeira atitude de Putin em relação à Páscoa e à vida humana”, escreveu.
O presidente também reforçou que as Forças Armadas ucranianas continuarão em alerta e responderão proporcionalmente a qualquer agressão. “Cada ataque russo será recebido com uma resposta apropriada.”
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, reiterou a proposta de um cessar-fogo de 30 dias, apresentada por Washington em março e endossada por Kiev. Segundo ele, a Rússia ainda não respondeu à iniciativa, que está na mesa há 39 dias.
“Infelizmente, temos um longo histórico de declarações [da Rússia] não condizentes com suas ações. Sabemos que suas palavras não são confiáveis e analisaremos ações, não palavras”, escreveu Sybiha.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que suas tropas obedecerão à trégua, desde que a Ucrânia também a respeite. O Kremlin alertou, no entanto, que os militares devem estar preparados para reagir a eventuais provocações ou violações do cessar-fogo por parte do lado ucraniano.
