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PT intensifica campanha de Lula pela desdolarização no Brics

Partido defende proposta que tem gerado atritos com os Estados Unidos: reduzir o uso do dólar nas transações internacionais

O Partido dos Trabalhadores (PT) intensificou neste domingo (13) a campanha em defesa da desdolarização no âmbito do Brics — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A iniciativa tem como principal porta-voz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que defende publicamente a criação de alternativas ao uso do dólar em transações comerciais entre os países do bloco.

Em publicação nas redes sociais, o PT utilizou a imagem de um vira-lata caramelo — símbolo popular nas redes brasileiras — acompanhada da frase “Desdolarizai-vos! #OBrasiléSoberano”. A legenda da postagem reforça o discurso do presidente: “Um novo tempo exige coragem para mudar. E o Brasil está pronto para liderar esse caminho”.

A manifestação do partido retoma falas de Lula feitas durante o encerramento da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, em 7 de julho. Na ocasião, o presidente voltou a defender a busca por alternativas ao dólar e afirmou que a centralidade da moeda norte-americana nas relações comerciais globais “não foi decidida em nenhum fórum internacional”.

“O mundo precisa encontrar um jeito de que nossas relações comerciais não precisem passar pelo dólar… Obviamente, temos que ser responsáveis e fazer isso com cuidado”, declarou Lula na cúpula.

“Não queremos mais um mundo tutelado. Não queremos mais desrespeito à soberania”, completou o presidente.

Reação dos Estados Unidos

A defesa de Lula contrasta diretamente com a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em 2025, o republicano já ameaçou aplicar tarifas de até 100% sobre países do Brics caso o bloco avance na criação de uma moeda comum. Em nova declaração feita na última terça-feira (8), Trump afirmou que aplicará tarifas de 10% ao grupo, acusando os países-membros de tentar “destruir o dólar”.

“O dólar é o rei, e vamos mantê-lo assim”, afirmou Trump, durante reunião com o gabinete na Casa Branca. Para ele, contestar o dólar tem um preço: “Não acho que nenhuma dessas nações esteja disposta a pagar esse preço”.

Divergências internas no Brics

A proposta de uma moeda comum dentro do Brics ainda enfrenta resistência entre os membros. A Índia, por exemplo, é uma das nações que demonstram maior cautela. Já a Rússia apoia fortemente a iniciativa, que também conta com o endosso da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). Dilma teve seu mandato renovado em julho, por indicação do presidente russo Vladimir Putin.

Segundo o chanceler russo Sergei Lavrov, a ideia partiu do próprio Lula, durante a cúpula do Brics em Joanesburgo, em 2023. Em entrevista à TV BRICS, Lavrov afirmou que a presidência brasileira do bloco em 2025 deve priorizar a consolidação de sistemas de pagamento alternativos ao dólar.

“Foi o presidente Lula quem iniciou esse debate. Nossos colegas brasileiros, certamente, dedicarão o máximo de energia ao tema”, declarou Lavrov.

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