Protesto em Teresina pede reclassificação de crime para homicídio doloso em acidente que matou duas mulheres
Familiares e amigos de Kassandra de Sousa Oliveira e Marly Ribeiro da Silva realizaram um protesto na BR-316, em Teresina, após a decisão da Justiça que determinou que os réus do acidente que matou as duas mulheres respondam por homicídio culposo – quando não há intenção de matar. Os manifestantes pedem que o crime seja reclassificado como homicídio doloso, argumentando que os acusados assumiram o risco do acidente.

A manifestação ocorreu no local do atropelamento, no bairro Santo Antônio, e teve início por volta das 17h desta segunda-feira (10). Durante o protesto, a rodovia chegou a ser parcialmente bloqueada.
Justiça desclassifica crime de dolo eventual
Na última quinta-feira (6), a juíza Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri de Teresina, decidiu que Pedro Lopes Lima Neto, conhecido como Lokinho, e seu namorado, Stanlley Gabryell Ferreira de Sousa, não responderão por homicídio com dolo eventual. A magistrada entendeu que não há provas suficientes para afirmar que os réus assumiram o risco de causar o acidente.
Com essa decisão, o caso será encaminhado para uma vara criminal comum, e não para o Tribunal do Júri, responsável por crimes dolosos contra a vida. Atualmente, Stanlley Gabryell segue preso preventivamente, enquanto Lokinho responde em liberdade.
Revolta dos familiares
Para os familiares das vítimas, a decisão da Justiça é injusta. Francisco de Oliveira, pai de Kassandra, expressou sua indignação:
“Minha filha perdeu a vida e eles continuam soltos, debochando da Justiça. Isso é um descaso. Peço às autoridades que revejam essa decisão.”

Luzia Ribeiro, mãe de Marly, também desabafou:
“Ele jogou o carro para cima da minha filha. Isso foi intencional. Só queremos justiça, e se nada for feito, vamos continuar protestando.”
Acidente deixou duas crianças feridas
O acidente ocorreu na BR-316 e vitimou fatalmente Kassandra, de 36 anos, e Marly, de 40 anos. Além delas, duas crianças ficaram feridas: Maria Suely Oliveira Rocha, de 11 anos, que passou mais de dois meses internada, e Maria Alice de Sousa Oliveira, de apenas dois anos, que teve ferimentos leves.
Após o atropelamento, houve tumulto no local e o mecânico Thiago Henrique do Nascimento, de 38 anos, que tentava ajudar as vítimas, foi baleado e morto. Um policial militar foi denunciado pela Justiça por esse crime.
Ministério Público defendeu acusação por homicídio doloso
O Ministério Público do Piauí denunciou Lokinho e Stanlley por homicídio com dolo eventual e também por lesão corporal grave contra as crianças feridas. O promotor Ubiraci de Sousa Rocha argumentou que os réus assumiram o risco ao permitir que Stanlley dirigisse sem habilitação.
Já a Justiça entendeu que a falta de habilitação e a mudança de faixa sem motivo não eram provas suficientes para configurar o dolo. O laudo da Polícia Rodoviária Federal, no entanto, apontou que Stanlley fez a manobra de forma negligente, o que gerou revolta entre os familiares das vítimas.
Agora, a decisão de manter ou não a prisão de Stanlley será analisada pela vara criminal responsável pelo caso. Enquanto isso, os familiares seguem mobilizados em busca de uma reavaliação do processo.