Proposta de ônibus elétricos, antes criticada por Sílvio Mendes, avança em Teresina
A proposta de implantação de ônibus elétricos no transporte público de Teresina, defendida em 2023 e 2024 por Fábio Novo e seu grupo político durante o período pré-eleitoral, começa a sair do papel. A iniciativa, duramente criticada à época pelo então candidato e atual prefeito Sílvio Mendes e seus aliados, está agora em fase de análise e poderá se tornar realidade com investimentos estimados em R$ 100 milhões.
Nesta semana, técnicos da agência alemã GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), do Ministério de Minas e Energia e da Prefeitura de Teresina iniciaram a etapa de campo do estudo de viabilidade para a implementação da nova frota. A ação faz parte do projeto “Acoplamento de Setores e Economia Verde – AcoplaRE” e é coordenada pela Agenda Teresina 2030, em parceria com a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS).
A previsão inicial é que 30 ônibus elétricos sejam incorporados ao sistema, com possibilidade de financiamento via BNDES, banco alemão KfW ou outro modelo a ser definido pela administração municipal.
Primeira etapa: visita técnica e avaliação de infraestrutura
A primeira visita técnica foi realizada no Terminal de Integração do Parque Piauí, na zona Sul da capital, que deve receber infraestrutura com 14 vagas para recarga simultânea de ônibus elétricos. Também está sendo estudada a instalação de pequenas usinas solares nos terminais do Parque Piauí e Bela Vista, o que permitiria ao município gerar a energia necessária para abastecer a nova frota.
“O setor de transportes é o maior emissor de gases de efeito estufa. Teresina apresenta condições favoráveis para receber esse tipo de investimento: temos pavimento compatível, terminais aptos a receber pontos de recarga e possibilidade de produção de energia própria”, explicou Leonardo Madeira, coordenador da Agenda Teresina 2030.
A segunda etapa do projeto está prevista para outubro, quando será apresentada a proposta final, com detalhamento técnico, financeiro e dos modelos possíveis de operação.
Financiamento e economia a longo prazo
Segundo o superintendente da STRANS, Carlos Daniel, a Prefeitura ainda estuda o modelo de financiamento. Uma das alternativas seria a compra dos veículos pela gestão municipal, que os repassaria às concessionárias; outra possibilidade seria o financiamento direto pelas empresas operadoras do sistema.
Apesar do alto custo inicial de implantação, estudos apontam que o custo operacional dos ônibus elétricos pode ser até 50% menor que o dos modelos convencionais, o que representa uma economia significativa a médio e longo prazo.
Reaproveitamento dos terminais de integração
Atualmente, os terminais de integração de Teresina seguem subutilizados. A proposta da nova frota elétrica também representa uma tentativa de dar funcionalidade a essas estruturas, que chegaram a operar antes da pandemia e foram usadas como postos de vacinação durante a crise sanitária, mas nunca foram plenamente integradas ao sistema de mobilidade urbana.
Gestão sob cobrança
A população e os vereadores da capital aguardam ações concretas da gestão atual, que já recebeu mais de R$ 3 bilhões desde o início do mandato. O foco agora está na eficiência administrativa e na resolução de problemas históricos da mobilidade urbana, que não podem mais ser atribuídos à herança de gestões anteriores.