DESTAQUEoperaçãoPiauíPolíciaRecentesRedes Sociais

Operação Faixa Rosa: 19 influenciadoras são indiciadas por ligação com facção criminosa no Piauí

Investigação aponta uso das redes sociais para apologia ao crime, tráfico e incitação à violência

A Polícia Civil do Piauí concluiu, nesta quinta-feira (3), as investigações da Operação Faixa Rosa, que revelou o envolvimento de influenciadoras digitais na promoção de uma facção criminosa por meio das redes sociais. Ao todo, 19 pessoas foram indiciadas por organização criminosa e apologia ao crime. Dessas, 18 estão presas preventivamente, e uma permanece foragida.

A operação foi conduzida pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e teve início no dia 30 de abril deste ano.

Redes sociais usadas para promover facção

Segundo a investigação, as influenciadoras usavam seus perfis digitais para enaltecer o tráfico de drogas, ostentar armas de fogo e incitar a violência contra grupos rivais. A linguagem utilizada nas postagens era repleta de códigos internos da facção e uma estética glamorizada da criminalidade, voltada principalmente ao público jovem e vulnerável.

O conteúdo, de grande alcance nas redes sociais, contribuiu para a banalização da violência e fortalecimento da imagem do crime organizado entre adolescentes.

Prisão preventiva e provas coletadas

Inicialmente, os mandados cumpridos foram de prisão temporária. No entanto, com base na gravidade dos crimes e risco de continuidade das ações ilícitas, a Justiça converteu as prisões em preventivas.

A Central de Inquéritos da Comarca de Teresina autorizou a divulgação de provas colhidas durante a investigação, incluindo áudios, vídeos, capturas de mensagens e documentos que evidenciam a atuação coordenada do grupo nas redes sociais.

Facção possuía estrutura organizada

Durante a operação, foram encontrados cadastros internos da facção criminosa, que formalizavam a entrada de novos membros com dados pessoais, apelidos, comunidades de origem, hierarquia e datas de adesão. Os documentos também exigiam que qualquer mudança de endereço fosse atualizada no sistema interno da organização, sob pena de sanções.

Declarações do Draco

O coordenador do Draco, delegado Charles Pessoa, alertou para o fenômeno crescente da criminalidade digital.

“Influenciadoras com grande alcance vêm usando as redes como vitrines do crime. Isso não apenas promove uma estética violenta, mas também influencia diretamente jovens a se engajarem em práticas criminosas e no confronto com o Estado. A repressão a essas ações é fundamental para proteger a juventude e os valores sociais”, declarou o delegado.

Áudios revelam detalhes da atuação do grupo

O inquérito inclui trechos de conversas entre investigadas, que tratam de informações sobre alvos de ataques, repassam endereços e discutem estratégias internas da facção. Uma das falas faz referência à “ética do crime” e ao processo de “formação” de novas integrantes, reforçando a doutrinação promovida dentro do grupo.


A Operação Faixa Rosa expõe uma nova dinâmica do crime organizado, que tem nas redes sociais um poderoso instrumento de recrutamento, autopromoção e intimidação. A Polícia Civil do Piauí segue investigando possíveis ramificações e outros envolvidos na estrutura criminosa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *