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“Não existe marco legal para os povos indígenas. Já estávamos aqui”, afirma cacica Juma Xipaia em lançamento de cinebiografia

Liderança indígena ressalta protagonismo ancestral e denuncia retrocessos ambientais e territoriais no Brasil durante estreia de documentário sobre sua trajetória

Durante o lançamento de sua cinebiografia, a cacica Juma Xipaia, liderança indígena do Médio Xingu, reforçou a luta de seu povo e a defesa dos territórios originários. Em fala contundente, ela criticou a noção de “marco legal” imposta pelo Estado brasileiro para reconhecimento de terras indígenas. “Não existe marco legal para os povos indígenas. Nós já estávamos aqui. Esse marco é do homem branco, da colonização”, afirmou.

O documentário narra a história de Juma, sua resistência frente a grandes empreendimentos na Amazônia e sua atuação na linha de frente contra violações ambientais. A obra também destaca o papel da cacica como referência internacional na defesa dos direitos indígenas e na denúncia da degradação ambiental promovida por garimpo ilegal, desmatamento e obras de infraestrutura.

Juma reforçou ainda que os retrocessos recentes na política ambiental e a tentativa de relativização de direitos originários exigem mobilização contínua. “As leis mudam. Os governos passam. Mas nossa existência é contínua. É o território que garante nossa vida”, declarou.

A cinebiografia chega em um momento de acirramento no debate sobre demarcações, especialmente após decisões judiciais envolvendo o chamado “marco temporal”, tese que condiciona o reconhecimento de terras indígenas à sua ocupação em 1988.

Além de retratar a trajetória pessoal e política da cacica, o filme também dá visibilidade à cultura do povo Xipaia e às ameaças enfrentadas por comunidades na região amazônica. O lançamento contou com a presença de ambientalistas, lideranças indígenas, artistas e organizações da sociedade civil.

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