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Mudanças no Bolsa Família podem ter impacto eleitoral, avaliam especialistas

O governo federal alterou, nesta quinta-feira (15), a chamada “regra de proteção” do Bolsa Família. A mudança, que entra em vigor em junho, afetará beneficiários que passarem a ter renda superior ao limite de entrada no programa. Essas famílias continuarão recebendo o auxílio, desde que permaneçam em situação de vulnerabilidade, mas agora com um período de transição reduzido de dois anos para apenas um.

A nova regra só terá efeito na folha de pagamento a partir de julho de 2025. Com a alteração, famílias cuja renda per capita fique entre R$ 218 e R$ 706 mensais seguirão recebendo 50% do benefício por até 12 meses. Atualmente, o valor máximo para entrar na regra de proteção é de R$ 759, com manutenção do benefício por até 24 meses. As famílias que já estão na regra de transição não serão afetadas e continuarão recebendo o auxílio por dois anos.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o objetivo da medida é evitar o cancelamento imediato do benefício, reconhecendo que a superação da pobreza ocorre de forma gradual, exigindo um período de adaptação e estabilização.

Especialistas, porém, avaliam que a mudança pode ter impacto político e eleitoral negativo para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2026.

Para o cientista político Eduardo Grin, a medida reduz o alcance da proteção oferecida pelo programa, o que pode ser explorado pela oposição. “Não estou seguro de que essas novas regras vão ter impacto eleitoral positivo. Lula deverá ter votos no Nordeste, onde o programa é muito importante, mas a mudança pode não gerar benefício político, pois reduz a proteção de dois anos para um, e ainda assim com 50% do salário, diante do ajuste fiscal promovido”, analisou.

Grin também destacou que a oposição pode usar a alteração para acusar o governo de retirar direitos. “Certamente dirão que Bolsonaro dava mais, etc. Acho que esse pode ser um efeito da mudança. Quanto a um eventual impacto positivo, será mais localizado no Nordeste, onde Lula e o PT sempre tiveram mais votos”, completou.

Na mesma linha, o cientista político Leandro Consentino classificou a medida como “arriscada”. Segundo ele, o governo corre o risco de sofrer danos políticos por cortar benefícios que muitos consideram como direitos adquiridos. “Você pode abrir um flanco para que a oposição explore isso politicamente tão perto das eleições. É uma medida de risco, mas o governo deve estar fazendo isso para tentar sanear algumas contas, enquanto planeja expandir gastos em outras áreas, inclusive com um possível aumento do valor do Bolsa Família”, avaliou.

Consentino concluiu: “Visivelmente, será ruim para o governo do ponto de vista da imagem, pois pode ser recebido como algo negativo, como se estivesse tirando um direito”.

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