MP-PI abre inquérito para investigar pagamentos do Governo a portal Conecta Piauí sem licitação
O Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI) instaurou um inquérito civil público para apurar pagamentos realizados pelo Governo do Estado ao portal Conecta Piauí, sem licitação, que podem configurar irregularidade administrativa.
O portal, de propriedade de Thiago Monteiro, ex-vendedor do Grupo Meio Norte, foi criado em 2022 e, em pouco tempo, tornou-se um dos veículos de comunicação que mais recebe recursos da Secretaria Estadual de Comunicação (Secom), atualmente comandada por Marcelo Nolleto.
Segundo denúncias do jornalista José Ribas Neto, em 2024, o Conecta Piauí recebeu mais de R$ 800 mil em menos de um ano, por meio de publicidade institucional. Este ano, o portal tem recebido, em média, R$ 100 mil por mês, totalizando mais de R$ 1 milhão até agora. Nos bastidores, circulam informações de que outros indivíduos seriam os reais proprietários do site.
Além do Conecta Piauí, o inquérito também abrange outros dois portais: Pin Piauí, pertencente a Marciano Valério Arrais, administrador do Grupo Xico Prime, e Pensar Piauí, do ex-secretário de Comunicação e histórico petista Oscar de Barros. Ambos também receberam recursos do Estado sem licitação, embora em valores menores.
O inquérito civil público de número 05/2025/42ªPJ (SIMP 002936-426/2024) foi divulgado no Diário Oficial do MP-PI nesta terça-feira (19/08). A portaria determina a investigação de pagamentos feitos diretamente pelo Estado, por meio da Secom, aos três portais, sem existência de vínculo contratual, em conformidade com a Resolução CNMP n° 23/2007.
Segundo o MP-PI, a irregularidade consiste no fato de que o Governo do Estado deve realizar pagamentos de serviços de comunicação exclusivamente por meio de agências de publicidade contratadas via licitação, que atualmente são: Chroma Comunicação, Eclético Comunicação, ADV6 LTDA, Nova Comunicação e SA Propaganda LTDA. Os portais citados deveriam prestar serviços às agências contratadas, conforme o contrato n° 01/2022, subsidiado pela concorrência pública n° 01/2021/SEADPREV.
O MP-PI dará prosseguimento às investigações para apurar responsabilidades e eventuais irregularidades na utilização de recursos públicos destinados à publicidade institucional.