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Mensagens revelam esquema do PCC para lavar dinheiro em rede de lojas de conveniência

A força-tarefa que investiga a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) na economia brasileira descobriu que integrantes da facção usaram redes de lojas de conveniência ligadas a postos de combustíveis para lavar dinheiro do tráfico de drogas.

Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o esquema era comandado por Mohamad Hussein Mourad, que utilizava familiares e laranjas como sócios formais. Uma das redes investigadas chegou a controlar 168 lojas espalhadas pelo país.

De acordo com os investigadores, os valores obtidos com o tráfico e outros crimes eram inseridos nas contas das lojas como se fossem receitas legítimas de vendas. Posteriormente, os recursos eram movimentados por meio de “contas bolsões” em fintechs, que permitem a concentração de grandes quantias sem identificação individual dos clientes. Para dificultar o rastreamento, as empresas eram fechadas e reabertas em nome de outras pessoas em poucos meses.

Fraude em combustíveis

As apurações também apontam que o grupo utilizava postos de combustíveis no centro de São Paulo para fraudar a venda de gasolina. Em um deles, localizado no bairro do Bixiga, era descarregado metanol — subproduto mais barato e corrosivo do petróleo — usado para adulterar combustíveis.

Mensagens interceptadas

As investigações revelaram ainda que os criminosos monitoravam possíveis oportunidades de novos negócios. Em uma troca de mensagens, um subordinado de Mohamad enviou uma reportagem sobre o desenvolvimento de gasolina sintética. O líder respondeu em tom de ironia:
“Sim, verdade. Precisa ver como sonega kkkkkkk”, seguido de risadas.

Alvos foragidos e operação

Mourad e seu sócio, Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como “Beto Louco”, estão foragidos. Na quinta-feira (28), a PF conseguiu cumprir apenas 6 dos 14 mandados de prisão expedidos pela Justiça.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que há suspeita de vazamento de informações que pode ter prejudicado a operação:
“Se houve esse vazamento criminoso, nós vamos instaurar inquérito e apurar severamente o que aconteceu para que o resultado não fosse o esperado durante o cumprimento das medidas.”

Segundo o promotor João Paulo Gabriel, do Grupo de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPSP), o mapeamento da quadrilha permitirá ao Estado atacar diretamente o braço financeiro do PCC, considerado essencial para a sustentação das atividades da facção.

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