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Governo e Centrão articulam reação conjunta a tarifas dos EUA em meio a impasse sobre IOF

Frente unificada entre Planalto e base aliada busca responder à escalada tarifária americana; crise fortalece alinhamento em torno da pauta econômica

Diante da crescente tensão comercial com os Estados Unidos, o governo federal e lideranças do Centrão têm se mobilizado para formular uma resposta coordenada às tarifas adicionais de 50% que Washington pretende impor sobre produtos brasileiros. A articulação ocorre paralelamente às discussões internas sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), apontado por analistas como um dos gatilhos para o agravamento da crise.

A medida norte-americana é interpretada por integrantes do Executivo e do Congresso como uma ameaça direta à competitividade brasileira no mercado internacional. O cenário tem impulsionado um raro alinhamento entre o Palácio do Planalto e setores estratégicos do Legislativo, com foco na proteção do setor produtivo nacional e na busca por alternativas diplomáticas e econômicas.

A expectativa é de que o governo publique nos próximos dias o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica, instrumento criado para permitir a adoção de contramedidas em casos de retaliação comercial. A medida deverá ser acompanhada de propostas legislativas que ampliem a capacidade de resposta do Brasil às sanções impostas por governos estrangeiros.

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, lidera uma série de reuniões com representantes do setor privado. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem reforçado o discurso de soberania nacional e prometido uma postura firme frente à escalada tarifária.

Apoio do agronegócio fortalece articulação

A crise também provocou a reaproximação de parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) com o governo. Deputados e senadores ligados ao agronegócio passaram a cobrar uma resposta firme, porém equilibrada, às tarifas americanas — que afetam diretamente exportações de carne bovina, soja, café e outros produtos do setor.

A mobilização é vista como uma oportunidade estratégica para o Executivo estreitar relações com o Congresso em pautas econômicas, tradicionalmente marcadas por resistência e dificuldades de articulação.

IOF e desconforto internacional

Nos bastidores, interlocutores do governo apontam que a revisão do IOF sobre operações de câmbio — uma das metas da reforma fiscal — tem gerado desconforto em setores econômicos internacionais, inclusive nos Estados Unidos. A iniciativa, tratada oficialmente como ajuste técnico e alinhado a boas práticas internacionais, é vista por alguns países como uma possível barreira indireta ao fluxo de capitais.

O Planalto, no entanto, nega que a proposta tenha qualquer relação com as tarifas anunciadas por Washington e reafirma que o tema é de competência exclusiva do Brasil. A equipe econômica defende que a modernização do IOF está dentro do escopo de reformas amplamente discutidas com organismos internacionais e respeita os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC).

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