Faltas, escândalos e omissão: Câmara de Teresina vive crise de legitimidade e paralisia política

A Câmara Municipal de Teresina enfrenta uma de suas fases mais críticas, marcada por sucessivos episódios de ausências em sessões, escândalos criminais e uma pauta que pouco dialoga com os reais problemas da capital. A crise de credibilidade se agravou nesta quinta-feira (5), quando uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) deixou de avançar por um motivo inusitado: a ausência de um relator.

Essa não foi a primeira vez que uma CPI foi travada por falta de compromisso parlamentar. Em 28 de maio, a CPI criada para investigar irregularidades na gestão da Prefeitura de Teresina também foi adiada por falta de quórum. A omissão dos vereadores tem frustrado a população que espera respostas sobre o uso dos recursos públicos e soluções para problemas urgentes da cidade, como mobilidade urbana, saúde e infraestrutura.

Enquanto isso, a Câmara segue priorizando homenagens protocolares e concessões de títulos de cidadania, sem avançar em temas de impacto direto na vida dos teresinenses.

A imagem da Casa piorou ainda mais com o caso envolvendo a vereadora Tatiana Medeiros, presa sob suspeita de integrar a facção criminosa Bonde dos 40. Segundo investigações da Polícia Federal, ela mantinha contato com o companheiro — apontado como liderança do grupo criminoso — mesmo detida no Quartel do Comando Geral da PM. Mesmo diante da gravidade, o Legislativo levou mais de dois meses para empossar seu suplente e ainda não iniciou qualquer processo de cassação do mandato.

Diante desse cenário, cresce a percepção pública de que a Câmara tem uma das piores formações de sua história recente, marcada por lentidão, corporativismo e um afastamento quase total do interesse coletivo. Em seis meses de novo mandato, quase nada efetivo foi produzido — o que reforça a ideia de uma casa legislativa cada vez mais desconectada da realidade da população.