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Falta de engenheiros compromete produtividade no Brasil, alerta inspirado em Bill Gates

O Brasil enfrenta uma crise silenciosa que compromete seu crescimento: a baixa produtividade aliada à escassez de profissionais qualificados em áreas estratégicas. Um alerta vindo de Bill Gates, fundador da Microsoft, sobre o impacto da falta de engenheiros e cientistas nos Estados Unidos, acende um sinal vermelho também por aqui — onde os desafios são ainda maiores.

Gates tem chamado atenção para a defasagem entre as vagas abertas na área de computação e o número de profissionais formados nos EUA. Segundo o Departamento de Estatísticas do Trabalho do país, até 2026 haverá uma carência de 6 milhões de engenheiros. E isso em uma economia com produtividade quatro vezes superior à do Brasil.

A realidade brasileira é ainda mais preocupante. O país ocupa a 78ª posição entre 131 nações em ranking global de produtividade, atrás de vizinhos como Uruguai, Argentina e Chile — e ao lado de países como Mongólia e Venezuela. Esses dados evidenciam que há um longo caminho a percorrer para garantir desenvolvimento sustentável e geração de riqueza.

Um dos pontos-chave observados em países que conseguiram avançar nesse cenário é o investimento consistente na educação superior, com foco em currículos alinhados ao mercado e incentivo às ciências exatas. No Brasil, embora o número de pessoas com ensino superior tenha crescido significativamente — segundo o IBGE, a quantidade de adultos com diploma universitário mais que dobrou entre 2000 e 2022 — a produtividade permanece estagnada.

A desconexão entre formação acadêmica e mercado é um dos grandes entraves. E a área da engenharia ilustra bem esse descompasso. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima um déficit de 75 mil engenheiros no país. Ao mesmo tempo, entre 2014 e 2020, houve queda de 44,5% nas matrículas em cursos presenciais de engenharia, segundo dados do Semesp.

A resistência às ciências exatas tem origem já na educação básica, com metodologias pouco atrativas e distantes da realidade prática. A consequência é a perda de interesse dos jovens por carreiras fundamentais como engenharia, matemática e física.

Em resposta a esse cenário, o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) tem liderado ações para reverter esse quadro. Em parceria com instituições como o Instituto Mauá, Mackenzie, FEI e Poli-USP, firmou um Memorando de Entendimentos com o objetivo de propor soluções para a formação de novos engenheiros.

Além disso, o programa Jornada CIEE aposta na gamificação para despertar o interesse pela matemática desde os primeiros anos escolares. Em um ambiente lúdico chamado Ilha de Mátika, estudantes enfrentam desafios matemáticos para resolver problemas e restaurar uma inteligência artificial — uma forma criativa de associar o aprendizado à prática.

Com mais de seis décadas de atuação, o CIEE já auxiliou cerca de 6 milhões de jovens na entrada no mercado de trabalho. A instituição segue empenhada em mobilizar esforços, junto a outras entidades, para promover uma formação técnica e digital mais conectada às necessidades do país.

A comparação com países desenvolvidos pode ter suas limitações, mas o Brasil precisa, urgentemente, encarar a realidade de frente. O alerta de Bill Gates não é apenas um problema americano — é também um espelho do que vivemos. A produtividade brasileira exige ação imediata, responsabilidade compartilhada e investimento inteligente em capital humano. O tempo de agir é agora.

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