Enchentes no Texas deixam 104 mortos e expõem fragilidade do sistema de prevenção climática nos EUA
As devastadoras enchentes que atingiram o estado do Texas na última sexta-feira (4) já causaram a morte de pelo menos 104 pessoas e reacenderam um debate nacional sobre a fragilidade do sistema de prevenção a desastres climáticos nos Estados Unidos. Em meio à tragédia, o presidente Donald Trump sancionou o novo orçamento federal que prevê cortes no financiamento de programas ligados à prevenção das mudanças climáticas e ao Serviço Nacional de Meteorologia.
O episódio mais dramático aconteceu durante a madrugada, quando o Rio Guadalupe subiu cerca de nove metros em apenas duas horas, surpreendendo moradores e turistas da região. Muitos não receberam qualquer tipo de alerta. Uma moradora relatou que saiu batendo nas portas dos vizinhos às 2h30 da manhã ao perceber o nível da água subindo rapidamente, em uma área com sinal de celular precário.
Nas margens do rio, estão localizadas diversas colônias de férias. Em uma delas, uma cabana foi levada pela correnteza com pessoas dentro. Todos conseguiram se salvar. No acampamento Camp Mystic, com 100 anos de história e que hospedava 750 meninas de 7 a 12 anos, a tragédia teve proporções ainda maiores. Com o uso de celulares proibido entre as crianças, a comunicação dependia exclusivamente dos tutores adolescentes. Às 2h da manhã, a água já alcançava o teto de alguns alojamentos. Houve uma tentativa de evacuação para áreas mais altas, mas 27 jovens morreram, incluindo crianças como Sarah Marsh, de 8 anos, e Janie Hunt, de 9, que participava do acampamento pela primeira vez.
O Camp Mystic já havia sido alvo de discussões sobre melhorias na segurança após uma enchente anterior, ocorrida há oito anos. Na época, chegou-se a cogitar a instalação de um sistema de sirenes, mas o projeto foi considerado caro demais para o município.
A tragédia ocorre em um momento de corte de investimentos em prevenção. Cientistas alertam que o desmonte de estruturas de monitoramento e resposta a desastres pode tornar situações como essa cada vez mais frequentes. Na contramão dos EUA, países como a China investem até 10% do PIB em obras voltadas à resiliência climática.
Nesta segunda-feira (7), o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, pediu uma investigação formal para apurar se os cortes no Serviço Nacional de Meteorologia contribuíram para o desastre. Já o senador republicano Ted Cruz, do Texas, afirmou que é necessário um “exame cuidadoso” sobre o que falhou para evitar novas perdas de vidas. A Casa Branca rebateu as críticas e afirmou que havia equipes suficientes trabalhando durante a emergência.
Enquanto isso, as buscas por desaparecidos continuam. Moradores relatam cenas dramáticas, como uma família com um bebê sendo levada pela enxurrada. O medo agora é de encontrar corpos sob os escombros das casas destruídas.
A tragédia no Texas deixa o país em alerta e aprofunda a discussão sobre o impacto das mudanças climáticas e a necessidade de investimentos em infraestrutura e prevenção.
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