Segunda vítima de possível envenenamento por ovo de Páscoa morre no Maranhão; mãe das crianças segue internada
Uma adolescente de 13 anos morreu nesta terça-feira (22), em Imperatriz (MA), após complicações causadas, segundo suspeitas da polícia, pelo consumo de um ovo de Páscoa envenenado. Ela é a segunda vítima fatal do caso. Seu irmão, de sete anos, morreu no mesmo dia em que a família consumiu o chocolate. A mãe dos dois, Mirian Lira, continua internada.
A adolescente estava hospitalizada desde o dia 16 de abril, data em que consumiu o doce. De acordo com o Hospital Municipal de Imperatriz, ela morreu em decorrência de um choque vascular, acompanhado de falência múltipla dos órgãos.
“A equipe médica adotou todas as medidas terapêuticas cabíveis, seguindo os protocolos estabelecidos, mas infelizmente o quadro clínico apresentou grave e rápida deterioração, sem resposta ao tratamento”, informou o hospital.
A mãe das vítimas, Mirian Lira, também consumiu o mesmo chocolate. Ela foi entubada e permaneceu vários dias na UTI, mas foi extubada no domingo (20) e transferida para a enfermaria na segunda-feira (21). Segundo a família, Mirian já consegue se comunicar e está em recuperação. Após ser informada da morte da filha, passou mal e está sob acompanhamento psicológico. O boletim médico mais recente informa que ela apresenta boa resposta ao tratamento e pode receber alta nos próximos dias.
Suspeita presa

Jordélia Pereira Barbosa, apontada como principal suspeita do envenenamento, foi presa no domingo (20) e transferida para a Unidade Prisional de Ressocialização Feminina de São Luís. A Polícia Civil do Maranhão afirma que há fortes indícios de que ela tenha cometido o crime por vingança, motivada por ciúmes do atual relacionamento de seu ex-marido com Mirian Lira.
Durante depoimento, Jordélia admitiu ter comprado o ovo de Páscoa, mas negou ter colocado veneno. Ainda assim, segundo o secretário de Segurança Pública do estado, Maurício Martins, “os indícios levam a crer, através de vários pontos investigados, que o crime foi motivado por ciúme e vingança”.
“Há vários indícios que apontam claramente que essa mulher foi autora do crime. A polícia vai continuar trabalhando para robustecer esses indícios e apresentá-la ao Judiciário”, acrescentou Martins.
Imagens de câmeras de segurança, registros de compras e depoimentos ajudaram a polícia a localizar Jordélia. No dia do crime, ela se hospedou em um hotel em Imperatriz e foi filmada usando peruca e óculos ao comprar o chocolate. Testemunhas relataram que Mirian recebeu uma ligação de uma mulher perguntando se o ovo de Páscoa havia chegado, o que reforça a hipótese de envolvimento da suspeita.
Jordélia foi presa em Santa Inês (MA), ao descer de um ônibus. Com ela, foram encontrados itens que reforçam a investigação, como perucas, restos de chocolate e bilhetes de passagem.
Investigação em andamento
As amostras do chocolate foram encaminhadas para análise no Instituto de Criminalística. O laudo toxicológico deve sair em até 10 dias. A perícia também vai examinar o sangue das vítimas e os objetos apreendidos com a suspeita para identificar a substância utilizada.
O delegado-geral da Polícia Civil do Maranhão, Manoel Almeida, afirmou que os elementos reunidos até o momento são suficientes para responsabilizar a suspeita. “Agora vamos esclarecer os detalhes: que veneno foi usado, o tipo, isso a perícia vai indicar para que possamos apresentar a denúncia com base sólida”, concluiu.
Relembre o caso
O crime ocorreu na noite de 16 de abril, quando um ovo de Páscoa foi entregue à casa de Mirian Lira, em Imperatriz, por um motoboy. O presente estava acompanhado de uma mensagem: “Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa”.
Horas depois do consumo, o filho mais novo de Mirian, de sete anos, passou mal e morreu na madrugada seguinte. A filha e a própria Mirian foram internadas em estado grave.