Protesto de aposentados na Argentina termina em confronto com a polícia
Buenos Aires registrou novos episódios de tensão nesta quarta-feira (12), quando agentes de segurança entraram em confronto com manifestantes durante um protesto de aposentados contra o governo de Javier Milei. A mobilização, que ocorre semanalmente em frente ao Congresso Nacional, ganhou força com a adesão de torcidas organizadas de futebol, o que levou o Ministério da Segurança Nacional a endurecer as medidas de contenção.
Os aposentados reivindicam reajustes nas pensões, alegando perda de poder de compra devido à inflação e às recentes políticas econômicas do governo. A presença de torcedores organizados aumentou a preocupação das autoridades, que alertaram que qualquer envolvido em atos violentos ou bloqueios poderia ser detido.
Segundo a imprensa argentina, o confronto teve início quando policiais tentaram desbloquear uma rua ocupada pelos manifestantes e estabelecer um cordão de segurança para impedir o avanço até o Congresso. Imagens registraram manifestantes atirando objetos contra as forças de segurança, que reagiram com jatos d’água e gás lacrimogêneo. Durante o embate, veículos e contêineres foram incendiados.
O jornal Clarín informou que ao menos quatro manifestantes foram presos, mas ainda não há um balanço oficial da polícia nem detalhes sobre possíveis feridos.
O porta-voz do governo, Manuel Adorni, minimizou a manifestação, classificando-a como “uma marcha de barrabravas [torcedores organizados] seguramente de esquerda, com convocação baixa, muito baixa ou nula”.
Os protestos dos aposentados têm sido recorrentes e frequentemente enfrentam forte repressão policial. Com o apoio recente de torcidas organizadas, o atrito com o governo Milei se intensificou. Em resposta, o governo determinou que torcedores envolvidos em bloqueios poderiam ser impedidos de entrar nos estádios de futebol.

A situação dos aposentados
Desde que assumiu o poder, Javier Milei tem implementado uma política de austeridade nos gastos públicos. Em março do ano passado, o presidente publicou um decreto estabelecendo que as aposentadorias fossem reajustadas mensalmente com base no índice mais recente da inflação.
Apesar da recente desaceleração inflacionária, aposentados afirmam que seus rendimentos continuam defasados. Eles também argumentam que, quando a nova fórmula de reajuste foi imposta, a moeda argentina já havia sofrido uma desvalorização de 50%.
Além da mudança nos reajustes, o governo também promoveu alterações no plano de saúde da seguridade social dos aposentados e restringiu a distribuição gratuita de medicamentos, agravando a insatisfação da população idosa.