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Menção a Bolsonaro em tarifaço dos EUA é “cortina de fumaça”, afirma Jean Paul Prates

Jean Paul Prates, ex-presidente da Petrobras e ex-senador, classificou como “super cortina de fumaça” a menção ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) feita pelo governo dos Estados Unidos para justificar a imposição de tarifas contra o Brasil. A declaração foi dada nesta quinta-feira (7), em Mumbai, Índia, onde Prates participa de fórum do grupo Lide.

Segundo Prates, o verdadeiro alvo das tarifas impostas pelos EUA é o bloco econômico dos BRICS, do qual o Brasil faz parte. “Nenhuma potência do mundo perdeu espaço sem brigar e tentar exercer poder, às vezes de forma exagerada”, afirmou. Para ele, a estratégia americana representa uma tentativa de “guerra comercial” na era pós-Pax Americana.

O ex-presidente da Petrobras ressaltou que é difícil acreditar que Donald Trump desconheça que um presidente brasileiro não pode interferir em processos do Supremo Tribunal Federal (STF). “É como imaginar que alguém do Brasil pedisse a Trump para interferir em um processo da Suprema Corte americana. Essa menção é um pretexto para penalizar o Brasil, um erro crasso, e ele sabe disso”, declarou.

Prates também comentou as recentes sobretaxas de 25% aplicadas pelos EUA contra produtos da Índia, devido à importação de petróleo russo. Ele apontou que o Brasil tem maior facilidade para substituir o petróleo russo, que entrou na pauta comercial do país após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

“O petróleo russo representa 70% do combustível consumido na Índia, enquanto o Brasil aumentou suas compras de diesel russo apenas após o conflito, aproveitando a queda nos preços devido às sanções. Ainda assim, o mercado tem suprimento suficiente para o Brasil substituir essa importação, se necessário”, explicou.

O aumento das importações brasileiras de petróleo russo desde o início da guerra gerou debates sobre a possibilidade de sanções semelhantes às aplicadas à Índia. Sobre isso, Prates classificou a política americana como “suicida” e destacou que o encontro de empresários brasileiros com autoridades indianas visa fortalecer as relações bilaterais.

“Não se trata mais apenas de abrir novos mercados ou fazer negócios, mas de uma necessidade real, já que fazemos parte do mesmo bloco econômico. Estamos incomodando a potência mundial, e é hora de consolidar nossa parceria com China, África do Sul e demais membros dos BRICS”, concluiu.

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