Grupo Jorge Batista sofre ataque hacker com prejuízo estimado em R$ 400 milhões
Sistema de distribuidora e rede de farmácias está paralisado há uma semana; hoje termina prazo imposto pelos criminosos
O Grupo Jorge Batista, um dos maiores conglomerados farmacêuticos do Brasil, com sede no Piauí, enfrenta uma crise sem precedentes após sofrer um ataque cibernético de grandes proporções. A ação criminosa, atribuída ao grupo hacker internacional Gunra, sequestrou os sistemas da distribuidora Nazária e da rede Drogarias Globo, paralisando por completo as operações da empresa e gerando prejuízos que já ultrapassam os R$ 400 milhões.
O ataque teve início no dia 12 de maio. Desde então, nenhuma venda foi registrada, o sistema de pedidos permanece fora do ar e a distribuição de medicamentos está completamente interrompida. Na rede de farmácias, clientes relatam lentidão no atendimento e indisponibilidade de produtos em algumas unidades.
Além do impacto direto nas vendas, o grupo precisou adiar a Mega Feira de Negócios, evento anual que costuma movimentar mais de R$ 150 milhões em dois dias. Agora, a feira foi remarcada para os dias 24 e 25 de julho.

Hackers impõem prazo final
Fontes ligadas à equipe de segurança da empresa informaram que este sábado (18) é o último dia do prazo dado pelos hackers. Caso o resgate — cobrado em criptomoedas — não seja pago, os criminosos ameaçam apagar permanentemente todos os dados sequestrados, o que comprometeria contratos, históricos contábeis e informações sensíveis da companhia.
Apesar da pressão, a orientação interna é não negociar com os hackers. A empresa estaria buscando suporte técnico especializado em São Paulo para tentar reverter os danos e restaurar os servidores.
“Eles são invisíveis”, disse um colaborador em áudio obtido com exclusividade pelo Portal Lupa 1, expressando o clima de tensão nos bastidores.
Há indícios de que o grupo hacker Gunra tenha atacado mais de dez empresas em diferentes países nas últimas semanas, utilizando a mesma metodologia de sequestro digital.
Mercado às cegas e silêncio estratégico
Apesar da gravidade do caso, o ataque vem sendo pouco abordado pela imprensa nacional. Internamente, acredita-se que o silêncio seja uma estratégia da empresa para conter a repercussão e limitar os danos à reputação do grupo. Entretanto, o mercado permanece sem informações claras sobre o real impacto do colapso digital.
A Nazária Distribuidora confirmou o ataque por meio de nota oficial, mas não detalhou a extensão dos danos nem mencionou se houve vazamento de dados de clientes ou fornecedores.

Sobre o Grupo Jorge Batista
Fundado em Teresina, o Grupo Jorge Batista atua há mais de 40 anos no setor farmacêutico, sendo referência em distribuição no Piauí, Maranhão e outros estados do Norte e Nordeste. Além da distribuidora Nazária, a holding controla a rede Drogarias Globo, presente em diversas cidades.
A empresa também é responsável por grandes eventos corporativos, atua em compras públicas e mantém parceria com as maiores indústrias farmacêuticas do país. À frente das operações está o empresário Jorge Batista da Silva Filho, conhecido por seu perfil discreto e comando centralizado.
Segurança digital em debate
O caso evidencia a fragilidade de grandes empresas diante de ciberataques cada vez mais frequentes e sofisticados. Especialistas defendem que a segurança cibernética seja tratada como política de Estado, com protocolos nacionais, investimento em inteligência digital e suporte emergencial a empresas estratégicas — especialmente as que atuam em áreas sensíveis, como a saúde.
O que está em risco não é apenas a operação de uma empresa privada, mas o abastecimento farmacêutico de milhões de brasileiros.