Com navios dos EUA se aproximando, Brasil defende que países amazônicos liderem combate a cartéis
A aproximação de navios de guerra dos Estados Unidos da costa venezuelana deve entrar na pauta da V Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), que ocorre nesta sexta-feira (22) em Bogotá, na Colômbia. O governo brasileiro pretende que a declaração final do encontro enfatize que o combate a ilícitos — como tráfico de drogas, armas e garimpo ilegal — deve ser conduzido pelas próprias nações da região.
Os EUA têm declarado que pretendem enfrentar o narcotráfico na América Latina e classificam o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, como “chefe de cartel”, oferecendo US$ 50 milhões de recompensa por sua captura. Em resposta, Maduro afirmou que convocará milhões de milicianos para defender o regime.
Embora a conferência mundial sobre o clima, COP30, marcada para novembro em Belém (PA), seja o tema central da cúpula, os movimentos militares americanos também devem ser debatidos de forma discreta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa do evento e deve ter reunião bilateral com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, à margem do encontro.
A Casa Branca deslocou 4,5 mil marinheiros e fuzileiros navais, três navios de assalto anfíbio, três contratorpedeiros, um submarino de ataque nuclear, aeronaves P-8 Poseidon e outros meios de vigilância. Na quinta-feira, o Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima, embarcado nos navios USS Iwo Jima, USS Fort Lauderdale e USS San Antonio, precisou suspender atividades e retornar à base em Norfolk, Virgínia, devido ao furacão Erin. A previsão de chegada do grupo anfíbio à região é agora domingo.
Interlocutores do governo brasileiro acompanham a movimentação e afirmam que não descartam uma possível intervenção direta dos EUA na Venezuela. Além disso, há preocupação com o aumento do fluxo migratório venezuelano e a possibilidade de embarcações americanas entrarem em águas brasileiras.