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Charles da Silveira pede exoneração da FMS e critica falta de autonomia: “Presidente não pode ser bedel de luxo”

O professor Charles da Silveira pediu exoneração do cargo de presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina nesta quarta-feira (2). Em tom de desabafo, durante entrevista a uma emissora local, Charles criticou a burocracia, a quebra de hierarquia e a falta de autonomia dentro da gestão municipal.

“Se há um presidente, ele não pode ser um bedel de luxo. O presidente tem que exercer de fato suas funções. Caso contrário, a Fundação continuará patinando”, afirmou. Para ele, a defesa da saúde pública exige franqueza: “Como cidadão, é minha obrigação dizer isso.”

Silveira também rebateu críticas que surgiram após o anúncio de sua saída. “Disseram no Palácio da Cidade que desisti ao me deparar com a primeira pedra. Quero responder: com a quantidade de pedras que tiramos do caminho, daria para construir o próprio Palácio. Mas existem pedras angulares, que sustentam o sistema, e essas são impossíveis de remover. Nesses casos, a gente desvia e segue outro caminho.”

Entre os principais entraves enfrentados pela FMS, o ex-presidente apontou a existência de mais de R$ 100 milhões em caixa sem que haja capacidade para honrar pagamentos a fornecedores. “Isso é um absurdo”, declarou.

Outro episódio decisivo foi a convocação de uma reunião com o prefeito Sílvio Mendes sem seu conhecimento. “Disse ao prefeito: ‘Entendi sua mensagem. Amanhã peço minha exoneração’.”

Charles também ressaltou o déficit de profissionais na rede e cobrou a nomeação dos aprovados em concurso. “São 161 profissionais que têm direito de serem chamados. Isso não é um favor, é uma obrigação.”

Apesar das divergências com a condução da gestão, ele reforçou o respeito pessoal ao prefeito. “Silvio Mendes sempre contará comigo como cidadão. Mas como gestor, não posso continuar submetido a essa situação.”

Sem indicar sucessor, Charles alertou para práticas que, segundo ele, não podem retornar. “Hospitais não podem mais ser entregues a parlamentares, transformando-os em seus quintais. Isso não pode mais acontecer.”

Ao avaliar a situação da saúde municipal, reconheceu avanços, principalmente na atenção básica, e agradeceu aos servidores. “Em muitas ocasiões, usaram recursos próprios para manter os serviços. Isso mostra compromisso.”

Ele encerrou com um alerta: “2025 ainda será um ano de emergência na saúde em Teresina, mas é possível avançar com uma gestão séria e comprometida. Precisamos acreditar que podemos dar à cidade a saúde que ela merece.”

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