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Brasil terá papel estratégico na escolha do novo Papa e defende continuidade das reformas de Francisco

Com sete cardeais entre os eleitores do próximo Papa, o Brasil reforça sua influência na sucessão pontifícia e deve atuar a favor da continuidade das reformas iniciadas por Francisco. A avaliação é do embaixador brasileiro junto à Santa Sé, Everton Vieira Vargas, que, em entrevista ao jornal O Globo, destacou a relevância do país tanto pelo tamanho do seu episcopado — o maior do mundo — quanto pela reputação de diálogo e presença ativa da Igreja brasileira.

Segundo Vargas, o Brasil contará com vozes de peso no conclave, como o cardeal Jaime Spengler, atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam). Para o embaixador, a atuação da Igreja brasileira e o protagonismo da América Latina continuam sendo fundamentais no cenário católico global.

Durante o pontificado de Francisco, o Brasil manteve interlocução constante com o Vaticano, o que fortaleceu os laços diplomáticos. O Papa argentino, lembrado por seu carisma e empatia, liderou a Igreja em meio a desafios como escândalos de abuso sexual, crises internas, pandemia, guerras e o avanço de discursos extremistas.

As reformas impulsionadas por Francisco, sobretudo no plano pastoral, marcaram seu pontificado: maior abertura ao diálogo com homossexuais, firme oposição à pena de morte e incentivo a uma Igreja mais próxima dos fiéis. Na avaliação do embaixador, retrocessos nessas áreas custariam caro tanto à imagem da Igreja quanto à sua estrutura interna. “Se o futuro Papa recuar, o custo será enorme”, alertou.

O conclave, porém, deve ser marcado por disputas entre alas reformistas e conservadoras. Entre os setores mais resistentes às mudanças estão alguns representantes africanos, que se opõem, por exemplo, à bênção de casais homoafetivos. Essa divisão levanta hipóteses sobre a possível eleição de um Papa africano, o que, segundo Vargas, poderia indicar uma guinada mais conservadora.

Diante de um cenário complexo, o Brasil chega ao conclave com credenciais diplomáticas e eclesiais robustas — e com a missão de defender o legado de Francisco.

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