Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos
Figura emblemática da política latino-americana, Mujica foi guerrilheiro, preso político e símbolo de uma liderança austera e humanista.
O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em decorrência de um câncer no esôfago. Ícone da esquerda latino-americana, Mujica construiu uma trajetória marcada pela luta armada contra a ditadura militar uruguaia, pela qual foi preso e torturado durante mais de uma década.
Anistiado em 1985, ingressou na vida política institucional com a redemocratização do país. Foi eleito senador, ministro e, em 2010, chegou à presidência, cargo que ocupou até 2015. Após deixar o governo, voltou ao Senado, onde permaneceu até sua aposentadoria da vida pública.
Em seu último discurso, durante um comício no fim de 2024, despediu-se do povo com a franqueza que marcou sua carreira: “Sou um ancião que está muito perto de se retirar para um lugar que não se tem mais volta”.
No episódio especial do podcast O Assunto, Natuza Nery conversa com o jornalista e escritor Ariel Palácios, autor do livro América Latina, Lado B. Palácios relembra encontros com Mujica — inclusive um dia inusitado em que atuou como seu guarda-costas — e traça um perfil do ex-presidente.
“Ele não era um político clássico. Era como a figura do avô, sem ser paternalista ou populista”, resume o jornalista. Ariel destaca o estilo simples de Mujica, que vivia em uma chácara, dirigia um Fusca e doava a maior parte do salário. Para ele, o ex-presidente deixa um legado importante: “Mujica mostrou que um político pode viver de maneira austera”.