China avalia suspender tarifas sobre produtos dos EUA em meio à possibilidade de trégua comercial
A China estuda suspender tarifas de 125% sobre algumas importações dos Estados Unidos como parte de uma possível trégua na guerra comercial entre os dois países. A informação foi divulgada pela Bloomberg News nesta quinta-feira (24).
Segundo a reportagem, entre os produtos que podem ser isentos estão equipamentos médicos e substâncias químicas industriais, como o etano. A medida indicaria um gesto de boa vontade de Pequim diante da escalada nas tensões comerciais.
De acordo com a Reuters, o governo chinês também tem consultado membros da Câmara Americana de Comércio na China (AmCham China) para identificar produtos norte-americanos que não possuem alternativas em outros mercados. “É bom ver que ambos os lados estão revisando as tarifas e parece que estão começando a elaborar listas de exclusões para categorias específicas”, disse Michael Hart, presidente da AmCham China, durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (25).
Apesar dos sinais de flexibilização, o governo chinês negou oficialmente a existência de negociações em andamento com os EUA. Em entrevista coletiva na quinta-feira (24), o porta-voz do Ministério do Comércio, He Yadong, afirmou que “não há negociações econômicas, nem comerciais” entre os dois países no momento. Ele destacou ainda que “qualquer declaração sobre o progresso das negociações carece de fundamento e base factual”.
A tensão entre as duas maiores economias do mundo se agravou após a imposição de novas tarifas. O governo de Donald Trump chegou a aplicar taxas que, somadas, podem atingir 245% sobre produtos chineses. Como retaliação, Pequim elevou as tarifas sobre itens americanos para até 125%.
Em declarações recentes, Trump tem adotado um tom mais conciliador. Na terça-feira (22), afirmou que um possível acordo com a China poderia “reduzir substancialmente” as tarifas impostas por Washington, embora tenha descartado a possibilidade de eliminá-las completamente. No dia seguinte, disse à imprensa que “tudo está ativo” ao ser questionado sobre possíveis conversas com Pequim.
Apesar disso, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, negou que os EUA considerem uma redução unilateral das tarifas. “A China precisa fazer um acordo com os EUA. Estamos otimistas de que isso acontecerá. Mas a decisão final sobre a tarifa caberá ao presidente”, declarou em entrevista à Fox News.
A guerra comercial teve início com a decisão dos EUA de impor tarifas adicionais de 10% a 50% sobre produtos de mais de 180 países, incluindo a China, que foi atingida com uma das maiores taxas. Em resposta, o governo chinês retaliou com tarifas similares e prometeu seguir revidando enquanto for necessário.
Mesmo após sucessivas escaladas, Trump anunciou recentemente uma pausa nas tarifas para a maioria dos países — reduzindo-as para 10% por 90 dias — com exceção da China, que continuou enfrentando aumentos, com alíquotas que podem ultrapassar os 200%.
Desde então, o governo norte-americano tem reiterado sua disposição em negociar, mas sem avanços concretos ou confirmações por parte da China.