Morre aos 88 anos o papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano da história
Jorge Mario Bergoglio faleceu nesta segunda-feira (21), em Roma. Vaticano confirmou a morte, mas não divulgou a causa.
Morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, o papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio. O primeiro pontífice latino-americano da história estava em Roma e faleceu por volta das 7h35 (horário local), segundo comunicado oficial divulgado pelo Vaticano. A causa da morte não foi informada.
“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco (…). Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”, diz a nota da Santa Sé.
Papa enfrentava problemas respiratórios

O pontífice se recuperava de um quadro respiratório grave que o manteve internado por 37 dias, entre fevereiro e março deste ano. No último domingo (20), durante a celebração da Páscoa, chegou a fazer uma breve aparição para abençoar fiéis reunidos na Praça de São Pedro.
Francisco já havia enfrentado outros episódios de saúde delicada nos últimos anos, incluindo uma bronquite persistente e limitações de mobilidade, que o levaram a usar cadeira de rodas desde 2022.
Funeral começa na Basílica de São Pedro
Como manda a tradição, o funeral do papa começa com a exposição do corpo na Basílica de São Pedro, onde os fiéis poderão se despedir. A missa de corpo presente será celebrada na praça homônima.
Francisco, no entanto, havia expressado em vida o desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma — quebrando com o costume de sepultamento em São Pedro. Ele também solicitou mudanças no ritual fúnebre dos papas, tornando-o mais simples e próximo do povo.
Um papa histórico
Eleito em 13 de março de 2013, Bergoglio foi o 266º papa da Igreja Católica. Nascido em Buenos Aires, era jesuíta e formado em química. Ordenado sacerdote em 1969, tornou-se arcebispo da capital argentina em 1998 e cardeal em 2001. Foi escolhido papa aos 76 anos, sucedendo Bento 16 após a histórica renúncia do alemão Joseph Ratzinger.
Sua escolha do nome Francisco foi uma homenagem a São Francisco de Assis, refletindo o desejo por uma Igreja mais humilde, pobre e próxima dos excluídos. “Como eu gostaria de uma Igreja pobre para os pobres”, afirmou em seus primeiros dias como pontífice.
Pontificado marcado por reformas e diálogo
Francisco buscou modernizar a Igreja Católica e aproximá-la das periferias sociais e existenciais. Optou por não viver no Palácio Apostólico, e sim na Casa Santa Marta, uma residência modesta dentro do Vaticano. Reformou a Cúria Romana, aumentou a participação de leigos e mulheres em cargos de liderança e promoveu maior transparência financeira.
Teve postura aberta ao diálogo inter-religioso e defendeu causas como o combate à pobreza, o meio ambiente e os direitos das minorias. Também foi o primeiro papa a permitir a bênção de casais homoafetivos, embora tenha reafirmado a doutrina tradicional sobre o matrimônio.
Um papa do povo
Durante a pandemia da covid-19, emocionou o mundo com sua imagem solitária rezando sob a chuva na Praça de São Pedro. Suas mensagens durante o período reforçaram a fraternidade humana como pilar de reconstrução após a crise.
Sua proximidade com os fiéis se deu não apenas pela linguagem acessível e presença constante nas redes sociais, mas também pelas visitas a regiões em conflito e periferias urbanas. “Uma Igreja em saída”, como dizia, era a missão que queria deixar como legado.